Ao longo dos anos, os pitchers desenvolveram diferentes tipos de arremessos. Afinal, se dependessem sempre do mesmo, se tornariam previsíveis e seriam presas fáceis para os rebatedores.
Como os movimentos que um arremessador pode fazer no montinho são limitados, a técnica encontrada para gerar diferentes efeitos foi desenvolver diferentes pegadas (grips) na bolinha.
Hoje, nos deparamos com um leque considerável de tipos de arremessos no beisebol. É comum eles serem divididos em três categorias:
– Bolas rápidas (fastball): como o próprio nome diz, são os arremessos de maior velocidade;
– Offspeed: são arremessos que buscam enganar o rebatedor com a perda de velocidade ao final de sua trajetória;
– Bolas de efeito (breaking ball): são arremessos com maior rotação, em que são empregados diferentes efeitos que fazem a bola “quebrar” seu movimento e alterar sua trajetória antes de chegar ao home plate.
Dentro destes três grupos, existem subdivisões em arremessos que são nomeados de acordo com a trajetória da bola. A seguir, explicaremos melhor quais as características de cada um deles.
É importante ressaltar que essa classificação serve apenas para se ter uma noção de quais tipos de arremesso um pitcher possui em seu repertório. Dois jogadores jamais terão um arremesso idêntico, ou seja, mesmo que dois arremessadores lancem sliders, uma será diferente da outra, pois cada um tem uma rotação de braço e uma pegada específica na bola.
BOLAS RÁPIDAS (FASTBALL)
– Bola rápida de 4 costuras (4-seam fastball): é o arremesso mais simples que um pitcher pode lançar. O nome se refere ao posicionamento dos dedos, que ficam sobre quatro partes de costura que uma bola de beisebol possui. Basicamente, o arremessador utiliza toda a potência que consegue gerar com a rotação de seu ombro, fazendo com que a bola saia de sua mão com spin traseiro, que serve para quebrar a resistência do ar e ajuda a atingir maiores velocidades. Não possui muito efeito, seguindo quase uma trajetória reta. Por esse motivo, o principal foco é unir velocidade e localização (deixar uma bola rápida no meio da zona de strike é pedir para sofrer uma rebatida!).
– Bola rápida de 2 costuras (2-seam fastball): para uma variação na fastball, o arremessador coloca os dedos em apenas duas costuras. Isso faz com que a bola penda mais para o lado da mão de arremesso (direito para destros, esquerdo para canhotos), uma vez que a força não é colocada em seu centro, e perca um pouco de altura. Devido ao movimento causado, a velocidade de uma 2-seam é um pouco menor que de uma 4-seam.
– Cutter ou Cut fastball: outra variação da bola rápida, o arremessador posiciona os dedos de forma similar à 4-seam fastball, com o indicador e o médio deslocados para o “lado de fora” da bola (direita para destros, esquerda para canhotos). Ao realizar o arremesso, o pitcher coloca mais pressão nos dedos, rotacionando o polegar. Se bem executado, causa um spin lateral, que faz a bola “correr” para o lado oposto da mão (esquerda para destros, direita para canhotos) ao chegar perto do home plate. Assim como no caso da 2-seam fastball, o movimento faz com que o arremesso tenha velocidade menor.
– Sinker: o pitcher coloca os dedos da mesma forma que num arremesso de 2-seam, a diferença está na pressão e movimento. Enquanto numa bola rápida de duas costuras a pegada é leve e o movimento natural, no sinker o pitcher coloca mais pressão nos dedos e dobra o pulso para baixo no momento do lançamento. Isso gera muito spin frontal, fazendo com que a trajetória da bola comece semelhante a uma 4-seam e perca altura repentinamente no momento em que se aproxima do home plate. Um sinker bem executado é muito efetivo, pois sua rotação para baixo dificulta que o rebatedor consiga um contato sólido com o bastão, induzindo muitas bolas rasteiras.
– Splitter: o arremessador encaixa a bola entre os dedos indicador e médio, cada um ao lado de uma costura (daí o nome split, do verbo separar em inglês). Ao realizar o arremesso, a bola sai como uma fastball, porém o spin frontal faz com que perca altura de forma agressiva antes de chegar ao home plate, muitas vezes chegando a bater no chão. É considerado um arremesso de difícil controle, pois se lançado com muito efeito na terra pode se tornar um wild pitch. Utilizado por muitos pitchers asiáticos como forma de conseguir induzir o rebatedor adversário a um swing errado (swinging strike).
OFFSPEED
– Changeup: o arremessador envolve a bola com três dedos (indicador, médio e anelar) e a apoia sobre o polegar e o mínimo. Ao arremessar, a intenção é de que a changeup pareça uma bola rápida ao sair de sua mão, porém com uma velocidade menor. Como o olho humano tem dificuldade em diferenciar velocidades em objetos que estão a certa distância, a tendência é que o rebatedor se adiante no swing. Ainda, uma changeup perde um pouco de altura ao se aproximar do home plate. Geralmente utilizada por pitchers que tem como principal bola rápida a 4-seam.
Para ser efetivo, o ideal é que o arremessador consiga uma diferença considerável entre a velocidade de sua changeup e fastball. Por exemplo, uma 4-seam de 90 mph e a changeup de 78-80 mph.
– Circle change: variação da changeup em que o pitcher, ao invés de apoiar o polegar junto ao dedo mínimo, o posiciona junto ao indicador, formando um círculo na lateral da bola. Devido a tal distribuição, a bola, além de sair com menor velocidade, faz um movimento lateral e descendente para o lado da mão de arremesso (direita para destros, esquerda para canhotos) antes de chegar ao home plate. Justamente por essa trajetória, a circle change costuma ser utilizado por pitcher que tem como a principal bola rápida a 2-seam. Novamente, o ideal é que tenha uma diferença de pelo menos 8-10 mph para ser mais efetiva.
BOLAS DE EFEITO (BREAKING BALL)
– Curveball ou Bola de Curva: o pitcher coloca os dedos indicador e médio sobre a mesma costura, enquanto apoia a bola sobre os dedos restantes. No momento do lançamento, rotaciona o pulso e o antebraço. Ao fazer tal movimento, o arremesso sai com menor velocidade, perde altura de forma gradual em sua trajetória até o home plate e, em proporções menores, tem movimento lateral. A ideia de arremessar uma curveball é fazer com que ela pareça estar destinada a ser um strike, porém no momento em que o rebatedor vai para o swing, ela perde altura, induzindo a um erro (swinging strike) ou contato fraco com o bastão.
– 12-6 Curve: variação da curveball, em geral a diferença está no grip, em que o pitcher apoia somente um dos dedos indicador ou médio sobre a costura de cima, deixando o outro reto. É um arremesso que perde altura de forma acentuada, caindo quando chega próximo ao home plate, e não tem grande movimento lateral. O 12-6 se refere às posições do relógio (12 no ponto mais alto, 6 no baixo), simbolizando a queda brusca que a bola realiza. Utilizada para “quebrar” o ritmo do rebatedor, variando a altura para induzi-lo a um swing.
– Slider: o grip é semelhante ao de uma two-seam fastball, com a diferença de que no momento do arremesso se coloca mais pressão na bola e o polegar “rola” para cima. Com isso, uma slider ganha muita rotação lateral, fazendo com que o arremesso corra em direção da mão oposta do pitcher (esquerda para destros, direita para canhotos), semelhante à cutter, com menor velocidade. É um arremesso muito utilizado por destros contra destros e canhotos contra canhotos, pois a bola começa na zona de strike e desliza para fora dela, se distanciando do corpo do rebatedor, induzindo a swinging strikes e contatos fracos ou atrasados. Quando utilizado contra rebatedores do lado oposto, a ideia da slider é a contrária: começar fora da zona de strike e correr para dentro dela, buscando deixar o rebatedor sem ação.
– Slurve: como o nome sugere, é um arremesso híbrido entre a slider e a curveball. O grip costuma ser semelhante ao de uma slider, enquanto o movimento ao lançar se assemelha ao da bola de curva, girando o antebraço. Dessa forma, sua trajetória é diagonal, correndo lateralmente como a slider e perdendo altura como a curve.
– Knuckleball: o arremesso mais imprevisível do beisebol, uma knuckleball é difícil de ser controlada e por isso é pouco utilizada por pitchers. O arremessador “finca” os dedos indicador e médio na parte de cima da bola, enquanto a apoia sobre o polegar e o anelar. No movimento de lançamento, o jogador solta primeiro a bola pelas laterais e depois a “empurra” com os dedos indicador e médio. Tal movimento faz com que a bola não tenha muito spin e realize diversas mudanças de direção na trajetória até o home plate. É comum que o próprio arremessador e seu catcher não saibam qual o destino do arremesso no momento em que ele é realizado.
– Eephus: raramente visto, um Eephus é uma bola lançada para o alto pelo pitcher, que ganha muita altitude e, ao atingir o topo de sua parábola, cai drasticamente, buscando cruzar o home plate dentro da zona de strike. É um arremesso bastante lento se comparado aos demais e utilizado como elemento surpresa para confundir os adversários, já que estes dificilmente estão esperando este tipo de bola para ser rebatida.
Estou começando a acompanhar baisebol agora e gostaria de saber o que acontece com o torcedor que pega a bola num Homerun. parabens pelo blog
Olá Ronaldo!
No beisebol, ao contrário de outros esportes, o torcedor pode ficar com a bola “de presente”. Em alguns casos, dependendo de quem bateu o home run, a bolinha chega a valer alguns milhares de dólares. Por isso é sempre uma boa ideia levar para casa haha
Abraço!
É verdade que quando um torcedor pega a bola de um home run do adversário ele a devolve para o campo?
Olá Eduardo,
É bem comum que isso aconteça, sim! Obviamente, muitos torcedores ficam com a bolinha como recordação, mesmo que tenha sido um rival que tenha batido o home run. Mas os mais “fanáticos” acabam devolvendo a bola para o campo, como se dissessem que, se vem de um adversário, eles não têm interesse nenhum em ficar com a bola.
Abraço!
Olá!!
Comecei a gostar do baseball depois que assisti o filme O homem que mudou o jogo. Tenho acompanhado jogos pela ESPN. Gostaria de saber se conhece algum lugar de Sp para aprender e praticar o esporte.
Abraços!!!
Olá amigo tudo bom? Em SP capital, tem o estádio de beisebol Mie Nishi, próximo a marginal Tietê se não me engano ali no Bom Retiro. Lá tem um time de beisebol, o SP Giants. Dê uma passada lá e converse com o Nelson Koshino.
Eu tenho visto os jogos pelo youtube ao vivo… é o jeito pois meu pacote não tem a ESPN+, e aliás poxa sinto dificuldade de saber mais sobre o esporte ou conversar com alguém.. Graças a pessoas como vc temos esses blogs que salvam os fãs.. Parabéns.
Eu quero tirar uma duvida nao sei como se escreve so ouvir o termo
Bolpane
Olá Ricardo!
Imagino que esteja se referindo ao “Bullpen”, que é o nome dado tanto ao grupo de arremessadores reservas de um time (os relievers) quanto ao próprio local de aquecimento que eles ficam.
Abraço!
Olá!!!!
Gostaria de saber se existe algum clube de beisebol amador em Cotia, zona oeste da grande SP, e se tem limite de idade para aprender e praticar.
Sensacional esse seu post!
Olá, gostaria de saber a diferença entre as bolas, percebi que algumas aparecem com a informação em polegadas, como 9, 12 e 30 polegadas. Isso são categorias ou essas polegadas se diferem pelo movimento do arremesso?
Obrigada.
Parabéns pelo blog.
Olá Samantha,
Essas polegadas se referem ao movimento do arremesso. No caso, um arremesso pode tanto ter movimento horizontal quanto vertical.
Abraço!
É a forkball
Porque o Catcher fica mostrando os dedos, eo pitcher fica balançando a cabeça fazendo sinal de sim e não? essa parte ainda n entendo.
Olá Resher,
Eles fazem esses gestos para combinar qual será o próximo arremesso. Quando o pitcher faz o sinal de “não”, o catcher sugere outro tipo de lançamento para ele, até que cheguem num acordo.
Abraço!
qual é o nome da jogada que se dá a total pontuação em um único lançamento
Olá Kevin,
A rebatida que garante uma pontuação é o home run.
Abraço.
Sensacional amigo!! Agora estou entendendo os arremessos do Sawamito Eijun hahahaha
Mito mesmo são os KoMInaTO. Ryosuke e Haruichi que tem mito até no nome… Estou no fim da primeira temporada e adoro a determinação do Sawamura, mas ele ainda deixa muito a desejar. Infelizmente… ;-;
Bom Dia !
Eu não entendi bem a queimada dupla e tripla, elas são feitas sempre para um mesmo lado ? nesse caso o arremessador só pode arremessar para um lado e assim os seus companheiros irem passando a bola evitando que seus adversários cheguem na bola, mas sempre para um lado ?
Olá Mauricio,
Em casos de queimadas duplas e triplas, a ideia é tentar eliminar o jogador que estiver mais a frente nas bases, para causar os forceouts. Ou seja, se você elimina o jogador que corre para a 2B primeiro, basta mandar a bola para a 1B depois para eliminar o corredor. Se a defesa manda a bola para a 1B primeiro, o jogador que corre para a segunda base não poderá mais ser eliminado por forceout, ele obrigatoriamente terá que ser eliminado por tag out (bola encostar nele).
Abraço!
o arremessador pode trocar a mao para arremessar quando esta no monte
Olá Alex,
Sim! A troca de mão pode ser feita, desde que um duelo contra um batedor não esteja em andamento. Se ele começa a enfrentar um jogador com a mão direita, ele deve ir até o final do confronto com esse jogador usando a mesma mão para arremessar.
Abraço!
Olá. Eu queria saber o que é a posição ph, e também, como funcionam as substituições no beisebol? Muito obrigado.
Olá Guilherme,
PH é a sigla de pinch hitter. Não é exatamente uma posição, é apenas a designação de um jogador que entrou no lugar de um companheiro de equipe no turno de ataque para rebater em seu lugar. Quando a entrada de ataque termina, ele pode continuar na partida, assumindo uma posição na defesa, ou ser substituído por outro jogador.
As substituições são bem simples: o técnico não tem um limite, porém um jogador que foi substituído uma vez não pode voltar para o campo na mesma partida. Assim que ele é substituído, ele é “excluído” do restante da partida.
Abraço!